quarta-feira, 28 de abril de 2010

AS CANTIGAS PREFERIDAS

Confesso que tenho minhas cantigas preferidas,sabe aquelas que quando leio me emociona fico alegre com um gostinho de quero mais. Refiro-me as cantigas de satíricas que são divididas em escárnio são criticas, utilizando de sarcasmos e ironia alguns trovadores usam palavras de duplo sentido,para que, não se entenda o sentido real .Já as de maldizer os trovadores utilizam uma linguagem vulgar referendo-se aos personagens ,com agressividade. E nessas cantigas que o povo fala o que sente se revolta com os acontecimentos, realmente essas cantigas merecem um carinho especiais afinal grandes mudanças estão por vir.Escrevo aqui umas das minhas catingas preferidas .

Cantiga de maldizer.
Rei queimado morreu con amor
Em seus cantares por Sancta Maria
por ua dona que gran bem queria
e por se meter por mais trovador
porque lh'ela non quis [o] benfazer
fez-s'el en seus cantares morrer
mas ressurgiu depois ao tercer dia

Pero Gargia Burgalés



Cantiga de escárnio

Ai, dona fea, foste-vos queixar
que vos nunca louv[o] em meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!...



João Garcia de Guilhadi:
As cantigas de escárnio e de maldizer são sem dúvida ao gosto do povaréu. Porém, as que tocam, graciosamente o coração, são aquelas de amigo que dão voz as moças donzelas que esperam por seu amado. Num que ouvi nesses dias dizia assim:
Ondas do mar de Vigo,
se viste o meu amigo!
e ai Deus, se verrá cedo!
Ondas do mar levado,
se vistes meu amado!
e ai Deus, se verrá cedo!
Se vistes meu amigo,
o por que sospiro!
e ai Deus, se verrá cedo!
Se vistes meu amado
por que hei gran cuidado!
e ai Deus, se verrá cedo!
Martim Codax

Também tem as cantigas de amor. Ah, o amor, tão ambundante nessa época de cavalheiros e donzelas. Um dos maiores deles foi um rei, um rei trovador, El-Rei D. Dinis. Nunca cansou de fazer mercê as suas senhoras além de exercer grande papel na difusão desta arte por meio da língua portuguesa, copilando várias obras e traduzindo para a versão mais vulgar do nosso idioma aproximando toda a população dessa cultura. Lembro-me agora de um dos seus poemas que diz:

Hun tal home sei eu, ai, ben talhada,

que por vós ten a sa morte chegada;

vede quem é e seed'em nembrada:

eu, mia dona!

Hun tal home sei eu que preto sente

de si morte chegada certamente;

vede quem é e venha-vos en mente:

eu, mia dona!

Hun tal home sei eu, aquest'oide:

que por vós morr'e e vo-lo en partide:

vede quem é, non xe vos obride:

eu, mia dona!

Essas cantigas de amor e de amigo deram origem, penso eu, a outros trabalhos como aquelas novelas criadas para valorizar os cavaleiros em suas cruzadas, histórias de amores incondicionais entre um homem e uma mulher, escasso em novos tempos.

Mas a literatura não prestou só a histórias e contos de amor. Surgiram as tais hagiografias que registravam as histórias dos santos um outro modo de devoção. Então começaram a aparecer pessoas com talento de historiadores e criaram os nobiliários para registrar a linhagem dos nobres além claro dos cronicões que contam a trajetória dos grandes reis por anos a fio.

Precinto que novos tempos estão chegando. Tempos em que o homem usará mais a razão do que a emoção. Mal posso esperar para ver o que está por vir.